Livro de Gênesis
AUTORIA E DATA Em nenhum lugar o livro do Gênesis identifica seu autor. A vasta extensão da tradição judaica e cristã credita a obra, juntamente com o resto do Pentateuco (os livros do Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio), a Moisés. Isto significaria que o Gênesis começou a ser escrito durante o período de vida do legislador, que foi datado nos anos de 1.400 ou 1.200 a.C. Estudos sobre o livro do Gênesis dentro do seu contexto no Oriente Próximo tendem a confirmar tanto a antigüidade como a autenticidade de suas tradições. Pode-se interpretar que a evidência comparativa sugere uma origem para as histórias do Gênesis no segundo milênio a.C. em um tempo mais ou menos contemporâneo com o Moisés histórico. Por exemplo, o enredo de Gn 1-11 mostra afinidades marcantes com as histórias da criação e do dilúvio da Mesopotâmia que datam do início do segundo milênio. Paralelamente se estende tanto para as grandes linhas da história primitiva (Lista de reis da Suméria, Conto do dilúvio sumério, Epopéia de Atrahasis), quanto para os detalhes específicos sobre a criação (Enuma Elish), o dilúvio (Epopéia de Gilgamesh), bem como a origem de diversas línguas humanas (Enmerkar). De forma semelhante, as narrativas patriarcais de Gn 12-50 são compatíveis com o nosso conhecimento das condições culturais do antigo Oriente Próximo, no início do segundo milênio. Os nomes dos patriarcas são característicos dos modelos de nomes arcaicos prevalentes naquele tempo (por exemplo, Isaac, Jacó, Ismael, José); as viagens dos patriarcas em terras do Oriente Próximo espelham a liberdade de mobilidade que então prevalecia (por exemplo, Gn 11, 31; 12, 4-5. 9-10; 13, l; 24, 10; 28, 6-7; 37, 28); e a situação descrita em Gn 14, 1-4 se encaixa com as condições geopolíticas da grande Mesopotâmia antes de o reino da Antiga Babilônia ganhar o controle da região por volta de 1. 750 a.C. e tornar as alianças entre monarcas locais uma coisa do passado. Além disso, vários dos costumes legais e domésticos encerrados na vida dos patriarcas encontram semelhanças em textos do segundo milênio da Babilônia, Mari e Nuzi (ver comentários sobre Gn 15, 3; 16, 1-6; 31, 39). ESTRUTURA O Gênesis pode ser dividido nitidamente em dois movimentos principais. Os capítulos 1-11 cobrem as eras distantes da história primitiva, enquanto que os capítulos 12-50 cobrem o curto espaço de história patriarcal. Esses dois movimentos, diferindo em escopo e perspectiva, criam um efeito afunilado: a narrativa primordial é cósmica em escopo; se estende por eras que não podem ser datadas; e apresenta um mundo que é constantemente derrotado pelo pecado. Em contraste, a narrativa patriarcal estreita o foco para uma única família, em vez da família humana como um todo; reduz o ritmo da história para quatro gerações; e descreve o plano de Deus de restaurar o mundo para um estado de bênção. TÍTULO O título hebraico para Gênesis consiste na sua frase de abertura, bere’shit, ou seja, “no princípio”. A Septuaginta grega intitula o livro como Gênesis, que significa “origem” ou “nascimento”, como