O Caldo Entornou: Sobre a Sociedade da Vigilância e o Controle

A tecnologia tem possibilitado uma sociedade cada vez mais vigiada e controlada. Neste artigo, discutimos como isso afeta a privacidade e a liberdade dos indivíduos.

Jordan Peterson está enfrentando críticas e acusações de politicamente incorreto

No Canadá, o professor Jordan Peterson, um famoso psicólogo canadense, foi acusado de uso “incorreto” de pronomes e de ter opinado como “não bonita” uma modelo com roupa de banho “plus size“. Ele terá que fazer um “curso de reeducação digital” e será ensinado sobre quais palavras e ideias pode ou não usar. O College of Psychologists de Ontário ordenou que ele faça um curso de “reeducação digital” para aprender o que pode ou não dizer. A resposta de Jordan foi clara: “Não vou me submeter”. O caso de Jordan me veio à cabeça quando li o relato algo kafkiano da situação vivida na defesa de uma tese de doutorado, em uma das universidades federais brasileiras.

A tese versava sobre “governança algorítmica” e foi acusada por um membro da banca de “autoritária, machista e racista”. Seria “machista” por constatar que “as mulheres não eram tratadas como cidadãs na Atenas do século V a.C.”, e “racista” por não identificar um algoritmo como discriminatório, e sim o sistema carcerário cujos dados eram processados pelo algoritmo.

O autor da tese foi submetido a uma situação constrangedora, tendo sua tese cortada e tornando-se refém de uma sociedade da vigilância, em que todos são suspeitos e viver em um mundo onde concordar com os disciplinamentos mais estranhos virou questão de sobrevivência. Esse controle é alimentado pela arrogância que nos faz cultivar não só a ideia pífia de que detemos a verdade, como a de que dispomos de um mandato para enfiar a nossa verdade goela abaixo dos outros.

Estes casos são exemplos extremos do perigo da sociedade da vigilância e da correção política. Quando chegamos ao ponto em que dizer algo que não é considerado politicamente correto pode resultar em medidas disciplinares, é hora de questionar se estamos indo longe demais.

As ideias contrárias ao ceticismo, à dúvida sistemática e ao respeito à diferença, que estão na base das sociedades de direitos, são os ingredientes de uma sociedade seduzida pelo controle. A sociedade atual é caracterizada por um personagem típico que não só deseja afirmar sua própria maneira de viver, mas exige que os outros se ajustem de modo a não ferir a sua sensibilidade.

Lutar contra a repressão das opiniões divergentes

Em vez de alimentarmos o controle, devemos seguir o exemplo de Jordan Peterson e lutar contra a repressão das opiniões divergentes. Precisamos cultivar a tolerância e o respeito às diferenças, para que possamos viver em uma sociedade verdadeiramente livre e democrática.

A tendência à vigilância, então, pode ser vista como um reflexo da nossa sociedade, que cada vez mais valoriza o controle e a conformidade em detrimento da liberdade individual e da diversidade de opiniões. Isso pode ser especialmente problemático em ambientes acadêmicos, onde a liberdade de pensamento e a livre expressão são essenciais para o progresso do conhecimento.

Quando universidades e outras instituições acadêmicas se tornam lugares onde apenas certas ideias são permitidas e outras são silenciadas ou desencorajadas, o resultado é um ambiente intelectualmente estéril e estagnado, onde a inovação e a criatividade são sufocadas. Os estudantes são privados da oportunidade de explorar uma variedade de perspectivas e ideias, o que os prepararia melhor para lidar com as complexidades do mundo real.

Além disso, quando a conformidade é mais valorizada do que a liberdade de expressão e a diversidade de opiniões, as instituições acadêmicas correm o risco de se tornarem ferramentas de poder e controle, em vez de espaços dedicados ao avanço do conhecimento e à educação. Isso pode levar a uma diminuição da confiança pública nas instituições acadêmicas e em sua capacidade de produzir conhecimento confiável e imparcial.

Exemplos de controle da informação

O controle da informação pode ter várias formas e exemplos. Aqui estão alguns casos que exemplificam o controle da informação e sua repercussão:

1. Censura governamental: Em alguns países, governos podem censurar a imprensa e controlar a informação que é divulgada ao público. Por exemplo, na China, o governo controla a mídia e a internet, restringindo o acesso a informações consideradas sensíveis ou contrárias ao partido governante.
2. Controle corporativo: Grandes corporações também podem exercer controle sobre a informação divulgada ao público. Por exemplo, uma empresa pode proibir seus funcionários de divulgar informações confidenciais sobre seus produtos ou operações, a fim de evitar concorrência ou danos à reputação da empresa.
3. Desinformação online: Com a disseminação de notícias falsas e desinformação nas redes sociais, o controle da informação pode ser exercido por grupos de interesse ou indivíduos mal-intencionados. Por exemplo, em campanhas políticas, grupos podem criar e divulgar informações falsas sobre candidatos adversários para influenciar o resultado da eleição.
4. Liberdade de expressão: Em contrapartida, a liberdade de expressão pode ser vista como uma forma de controle da informação. Ao permitir que as pessoas se expressem livremente, elas podem ter controle sobre a informação que é divulgada e compartilhada. No entanto, isso também pode levar à disseminação de informações falsas ou prejudiciais, o que pode ter consequências negativas.

Esses são apenas alguns exemplos de como o controle da informação pode afetar a sociedade e ter repercussões significativas. É importante considerar o equilíbrio entre o controle da informação e a liberdade de expressão para garantir que as informações sejam divulgadas de forma justa e precisa.

Conclusão

Em resumo, a tendência à vigilância e ao controle na sociedade e nas instituições acadêmicas pode ter sérias consequências para a liberdade individual, a diversidade de opiniões e o progresso do conhecimento. É importante que os indivíduos resistam a essa tendência e defendam a liberdade de expressão e a diversidade de opiniões como valores fundamentais da nossa sociedade.