A fé de Abraão

Como Abraão revelou o que significa viver pela fé? Qual é o significado do sacrifício que Deus pediu que Abrão fizesse? Gn 15; Rm 4:3, 4, 9, 22

A primeira resposta de Deus à preocupação de Abrão sobre um herdeiro (Gn 15:1-3) foi que ele teria um filho e este seria “gerado por [Abrão]” (Gn 15:4). A mesma linguagem foi usada pelo profeta Natã para se referir à semente do futuro rei messiânico (2Sm 7:12). Abrão foi tranquilizado e “creu no Senhor” (Gn 15:6), porque compreendeu que o cumprimento da promessa divina não dependia da sua própria justiça, mas da justiça de Deus (Gn 15:6; compare com Rm 4:5, 6).

Essa noção é extraordinária, em especial naquela cultura. Na religião dos antigos egípcios, por exemplo, o juízo se dava com base na contagem das obras humanas de justiça em comparação à justiça da deusa Maat, que representava a justiça divina. Em suma, a pessoa devia ganhar a “salvação”.

Então, Deus preparou uma cerimônia de sacrifício para Abrão realizar. Basicamente, o sacrifício apontava para a morte de Cristo pelos nossos pecados. Somos salvos pela graça, o dom da justiça de Deus, simbolizado por esses sacrifícios. Contudo, essa cerimônia em particular transmitiria mensagens específicas a Abrão. As aves de rapina sobre os cadáveres dos animais sacrificais (Gn 15:9-11) significavam que os descendentes de Abrão seriam escravos por “quatrocentos anos” (Gn 15:13), ou quatro gerações. Na quarta geração, seus descendentes voltariam para lá (Gn 15:16).

A última cena da cerimônia de sacrifício foi dramática: “um fogareiro fumegante e uma tocha de fogo passaram entre aqueles pedaços” (Gn 15:17). Esse acontecimento extraordinário significou o compromisso de Deus em cumprir Sua promessa de aliança de dar terras aos descendentes de Abraão (Gn 15:18).

Os limites da terra prometida, “desde o rio do Egito até o grande rio Eufrates” (Gn 15:18), nos lembram dos limites do jardim do Éden (Gn 2:13, 14). Portanto, essa profecia tinha mais em vista do que o êxodo e uma pátria para Israel. No horizonte distante dessa profecia, nos descendentes de Abraão tomando o país de Canaã se vislumbrava a salvação do povo de Deus, que, no tempo do fim, retornará ao Éden.