A genealogia em Gênesis

As informações cronológicas sobre a idade de Noé nos fazem perceber que ele serviu de elo entre as civilizações pré e pós-diluviana. Os dois últimos versos do relato anterior (Gn 9:28, 29) nos levam de volta ao último elo da genealogia de Adão (Gn 5:32). Visto que Adão morreu quando Lameque, pai de Noé, tinha 56 anos, Noé certamente deve ter ouvido histórias sobre Adão, as quais poderia ter transmitido a seus descendentes antes e depois do dilúvio.

Leia Gênesis 10. Qual é o propósito dessa genealogia na Bíblia? (Veja também Lc 3:23-38.)

A genealogia bíblica tem três funções. Primeiro, enfatizar a natureza histórica dos eventos bíblicos, que estão relacionados a pessoas reais que viveram e morreram e cujos dias estão precisamente contados. Em segundo lugar, demonstrar a continuidade desde o passado até a época em que viveu o escritor, estabelecendo uma ligação clara entre o passado e o “presente”. Terceiro, lembrar-nos da fragilidade humana e do efeito trágico da maldição do pecado e seus resultados mortais em todas as gerações que se seguiram.

A classificação “camita”, “semita” e “jafetita” não segue critérios claros. As 70 nações prefiguram os 70 membros da família de Jacó (Gn 46:27) e os 70 anciãos de Israel no deserto (Êx 24:9). A ideia de uma correspondência entre as 70 nações e os 70 anciãos sugere a missão de Israel para com as nações: “Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando separava os filhos dos homens uns dos outros, fixou as fronteiras dos povos, segundo o número dos filhos de Israel” (Dt 32:8). Seguindo esse padrão, Jesus enviou 70 discípulos para evangelizar as nações (Lc 10:1).

O que essa informação nos mostra é a ligação direta entre Adão e os patriarcas; todos eles são figuras históricas, pessoas reais, de Adão em diante. Isso também nos ajuda a entender que os patriarcas tiveram acesso direto a testemunhas que tinham lembranças pessoais dos eventos antigos.