Resumo do Módulo 12
TEXTO-CHAVE: Gn 41:41
FOCO DO ESTUDO: Gn 41:37–45:28; Rm 5:7-11
ESBOÇO
Introdução: José não apenas explicou ao Faraó o significado de seu sonho, que dizia respeito ao futuro problema político e econômico do Egito – ele também lhe apresentou a solução. José não se contentou apenas com a revelação dos planos divinos, tampouco foi passivo, esperando que Deus fizesse outro milagre. Ele sugeriu ao Faraó que designasse um “homem ajuizado e sábio” (Gn 41:33) para administrar a complexa operação de preparação para a fome. Palavras semelhantes foram usadas para qualificar a sabedoria que Deus deu a Salomão (1Rs 3:12) a fim de o ajudar a governar o país (1Rs 3:9). Somente a orientação divina poderia ajudar a resolver o problema iminente. Além dessa lição espiritual, José ofereceu um curso de economia e deu detalhes específicos sobre o método e a estratégia necessária para ajudar o Egito a sobreviver à fome. O Faraó entendeu, então, que José não era apenas um sonhador; era também um homem de sabedoria prática e que sabia o que fazer, bem como um homem de ação que podia implementar a estratégia certa para salvar o país.
Portanto, o Faraó decidiu nomear José como o homem encarregado de todo o Egito e deu a ele todo o poder de que precisava para esse propósito. Depois de todas as provações que José teve que suportar, essa história de sucesso deve inspirar admiração por esse herói bíblico. No entanto, o foco da narrativa bíblica não é José. O final feliz não é sobre sucesso, mas sobre arrependimento, perdão e a presença invisível de Deus no curso da história.
COMENTÁRIO
José, grão-vizir (primeiro-ministro) do Egito
O fato de que a sabedoria excepcional de José desempenhou um papel na decisão do Faraó de nomeá-lo como o grão-vizir da terra estava em harmonia com o costume egípcio de escolher os vizires de preferência entre os homens sábios (ver, por exemplo, os casos de Ptahhotep e Kagemni, que eram vizires e a quem são atribuídas grandes obras de literatura sapiencial). O escopo de seu governo, sobre toda a terra do Egito (Gn 41:41), sugere que José foi nomeado o novo grão-vizir.
Casos de vizires estrangeiros e até mesmo hebreus são atestados ao longo da história egípcia. As responsabilidades do vizir eram consideráveis; ele era o administrador encarregado da justiça legal e o administrador da região. O fato de José ser colocado sobre toda a terra confirma que esse vizir pertence ao Médio Império ou ao Segundo PeríodoIntermediário, quando esse oficial poderia ser selecionado com base em sua sabedoria (Gn 41:39). Em contraste com outros períodos, durante o Segundo Período Intermediário sob o governo dos hicsos, os vizires eram mais poderosos e ofereciam mais estabilidade, apesar de reinados curtos.
A descrição da investidura de José pelo Faraó se encaixa no contexto egípcio. O “anelsinete” (Gn 41:42), que é chamado no texto hebraico de tabba’at, designa o sinete ou selo egípcio, djeba’ot, uma palavra derivada de djeba’, que significa “dedo”, referindo-se à sua posição ao redor do dedo. Esse anel de sinete conferia total autoridade a José para assinar todos os documentos oficiais em nome do rei. O termo hebraico shes, que designa as “roupas de linho fino” (Gn 41:42), é egípcio e se refere ao tecido de linho, que era o principal tecido usado para roupas no Egito antigo. O colar ao redor do pescoço de José (Gn 41:42) se refere ao colar em que pendia o símbolo de Maat, representando equidade e caracterizando a função do “grão-vizir”, palavra turca (derivada do árabe) para ministro-chefe de estado. A classificação de segundo (Gn 41:43) é atestada no antigo Egito como o título do grão-vizir, que era chamado de “o segundo do rei”. A cerimônia do grão-vizir, que envolvia alguém andando em uma carruagem, precedida por pessoas chamando a atenção para sua passagem (Gn 41:43), também era um costume egípcio. A palavra ‘abrek (geralmente traduzida como “ajoelhem-se”) que é usada em nosso texto não é hebraica, mas egípcia. Em egípcio, a palavra ‘abrek significa “atenção”, “abrir caminho” (NVI). Além disso, o Faraó deu a José um nome honorífico para marcar a distinção especial atribuída à sua nova função. O nome egípcio que José recebeu, Zafenate-Paneia (Gn 41:45), corresponde à seguinte transliteração egípcia: djf n t’ pw ‘nkh, que significa “alimento da terra, isso é vida”.
Esse significado não apenas relembra a situação naquele momento, mas também se encaixa no contexto histórico do antigo Egito naquela época, porque o uso do componente introdutório djf (“comida”) é atestado em nomes de altos funcionários das dinastias treze e quatorze, imediatamente anteriores ao governo dos hicsos. O Faraó também deu a José uma esposa egípcia, filha do “sacerdote de Om”, uma das figuras religiosas mais prestigiadas do Egito (Gn 41:45). José então foi bem aceito em todas as sociedades egípcias e podia visitar todos os lugares do país (Gn 41:45, 46).
José encontrou seus irmãos
Após 20 anos, José se encontrou novamente com seus irmãos. Ele tinha 17 anos quando os havia visto pela última vez e 30 anos quando se tornou grão-vizir do Egito. Sete anos depois, no início do período de fome, ele tinha 37 anos. Foi nesse tempo que foram realizados seus sonhos sobre seu pai e seus irmãos se curvando diante dele (Gn 37:7-10). A realização dos sonhos de José se desenvolveu em três fases, porque seus irmãos visitaram o Egito e se encontraram com ele três vezes. O primeiro encontro ocorreu com apenas dez dos irmãos (Gn 42), aqueles que questionavam seus sonhos e o odiavam por causa deles (Gn 37:8, 19). Eles então se curvaram diante de José pela primeira vez (Gn 42:6). O segundo encontro ocorreu com os dez irmãos e com seu irmão mais novo, Benjamim (Gn 43–45); todos eles se curvaram diante de José duas vezes (Gn 43:26, 28). O terceiro encontro ocorreu com Jacó, quando ele foi pela primeira vez ao Egito (Gn 46–47).
José revelou sua identidade
Vinte e dois anos se passaram desde o momento em que José, com 17 anos, contou pela primeira vez seus sonhos aos irmãos e ao pai, até o momento em que, com 39 anos, se deu a conhecer aos irmãos. A expressão “se deu a conhecer” contém uma alusão velada a Deus. A única outra ocorrência dessa forma verbal no AT refere-se à revelação de Deus de Si mesmo a Moisés (Nm 12:6). O uso dessa forma sugere que, ao se dar a conhecer a seus irmãos, José seria o meio pelo qual Deus se revelaria a eles.
José deve ter notado a apreensão deles com a revelação de que era seu irmão, porque repetiu uma segunda vez: “Eu sou José” (Gn 45:3, 4). Os irmãos ficaram preocupados. Eles podiam até ter dúvidas sobre a afirmação de José, pois ele não forneceu mais informações do que as que os seus irmãos transmitiram a ele. Tudo isso parecia suspeito, principalmente considerando as experiências mais recentes que tiveram com esse homem. Estavam preocupados com a vida deles, e por isso José repetiu uma segunda vez: “Eu sou José”, mas desta vez ele foi mais preciso e acrescentou uma informação que ninguém conhecia, exceto seus irmãos: “o irmão de vocês, que vocês venderam para o Egito” (Gn 45:4). Em seguida, acrescentou que foi Deus quem o “enviou”. Deus o enviou adiante de seus irmãos com um propósito específico: “preservação da vida” (Gn 45:5). José sugeriu que era necessário que eles o vendessem para garantir sua sobrevivência. Assim, os irmãos pensaram que haviam vendido seu irmão, ao passo que, na verdade, era Deus quem estava liderando a operação.
A fórmula “pai de Faraó” (Gn 45:8) reflete o título egípcio itf-ntr, que significa literalmente “pai de Deus”, referindo-se ao Faraó como um deus. José não usou a expressão como na língua egípcia por medo de soar blasfemo para seus irmãos. Esse era um título sacerdotal que pertencia aos mais altos oficiais, incluindo vizires, como Ptahhotep, vizir de Isesi (2675 a.C.). O outro título de José, “governador em toda a terra do Egito” (Gn 45:8), refere-se ao seu governo sobre todo o país das duas terras (Alto e Baixo Egito) e reflete outro título egípcio, nb t3 wy, “Senhor das duas terras”, que era um título oficial permanente do representante do Faraó. Observe que a forma dual da palavra hebraica mitsrayim, para “Egito”, reflete as duas divisões do país. A ênfase de José em sua posição no Egito era intencional: enfatizava sua posição extraordinária, lembrando assim a seus irmãos do sonho que o retratava como governante a quem todos (incluindo seu pai) se curvariam (Gn 37:9). Aludindo ao sonho, José estava usando a realização dele como um argumento implícito para a providência divina.
APLICAÇÃO PARA A VIDA
José, grão-vizir do Egito. Compare José e Daniel como estadistas. De que maneira esses dois homens servem de modelo para pessoas piedosas que se envolvam na política? Quais são as qualidades de José em comparação com os políticos modernos? Por que seria difícil para um adventista do sétimo dia se tornar um primeiro-ministro hoje? Que motivação levou José a se tornar um líder? Que lições de gestão podemos aprender com seu método? Em classe, discuta as aplicações práticas dessas lições na vida familiar, no trabalho e na igreja.
José encontrou seus irmãos. Por que e como o cumprimento da profecia afeta suas escolhas éticas? Discuta a relação entre o modo como você se comporta na vida diária e sua consciência do tempo do fim. Por que a esperança no reino de Deus deve inspirar a maneira pela qual você trata os outros? Discuta a cena do encontro entre José e seus irmãos. Imagine que sentimentos José deve ter tido. Quais devem ter sido seus sentimentos quando viu seus irmãos e seu pai se curvarem diante dele? Como você deve considerar seus inimigos quando perceber que eles falharam e você teve sucesso?
José revelou sua identidade. Que lições de reconciliação podemos aprender com a atitude de José? Como José poderia ter reagido se ele não tivesse superado suas dificuldades?
