O pesquisador e professor de matemática da Universidade Simon Fraser, Peter Liljedahl, tem incentivado práticas que priorizem e estimulem o pensamento mais aprofundado nas salas de aula de matemática. Em muitas salas de aula tradicionais, a abordagem padrão para o aprendizado é “eu faço, nós fazemos, você faz”, principalmente quando conceitos difíceis precisam ser abordados em janelas de tempo comprimidas pelos horários, feriados e férias. Essa abordagem, no entanto, inibe o pensamento de ordem superior, resultando em alunos que apenas “imitam” o que seus professores fazem. Os alunos que se envolvem em muito trabalho mecânico perdem a oportunidade de realizar tarefas desafiadoras, às vezes confusas, que poderiam aumentar sua autoestima e prepará-los para tarefas de raciocínio difíceis no futuro.
Liljedahl, autor de “Building Thinking Classrooms in Mathematics, Grades K-12: 14 Teaching Practices for Enhancing Learning“, defende as Thinking Classrooms (Sala de Aula Pensante, tradução livre), uma visão diferente de como o trabalho em sala de aula é organizado, como as tarefas são atribuídas e como os alunos aprendem e trabalham juntos. Sua pesquisa é baseada em mais de uma década de experimentação e colaboração com mais de 400 professores do ensino fundamental e médio.
Reorganizar a Sala de Aula
Para estimular o pensamento independente, Liljedahl sugere que algumas abordagens de sala de aula devem ser reorganizadas. Em vez de começar a aula com instruções diretas, ele propõe que sejam dadas aos alunos novas “tarefas de pensamento” para que possam trabalhar, preferencialmente em grupos. Essas tarefas devem ser cuidadosamente sequenciadas para que se tornem cada vez mais desafiadoras. À medida que o ano letivo avança e os alunos se acostumam a esse modo de trabalhar e pensar, as atividades e os desafios podem ser substituídos por tarefas diretamente relacionadas ao currículo.
Para uma sala de aula “pensante“, Liljedahl esclarece que as tarefas devem ser “baseadas na suposição de que os alunos poderiam e pensariam”. Essa abordagem promove o pensamento independente e ajuda os alunos a encontrar suas próprias soluções para problemas difíceis. Para alcançar esse objetivo, as atividades em grupo devem ser altamente estruturadas para promover a discussão, a revisão por pares e o pensamento iterativo. Isso ajudará a enfrentar a passividade que normalmente é encontrada nos assentos da sala de aula e promoverá o pensamento independente.
A metodologia proposta por Liljedahl é muito eficaz para estimular o pensamento de ordem superior nas salas de aula de matemática. Essa abordagem também ajuda os alunos a encontrar suas próprias soluções para problemas difíceis e promove o pensamento independente. É importante que os professores sigam as soluções criativas e profundas.
Conheça nossos cursos:
A Importância do Trabalho em Grupo
Segundo Liljedahl, a colaboração é essencial para o aprendizado de matemática e para desenvolver habilidades de pensamento crítico. Ele argumenta que as habilidades de colaboração podem ser desenvolvidas por meio de atividades estruturadas que incentivam os alunos a trabalhar juntos em grupos pequenos. Essas atividades podem incluir discussões estruturadas, revisão por pares e debates em grupo.
Liljedahl também enfatiza a importância da criação de um ambiente de sala de aula seguro e positivo, no qual os alunos se sintam confortáveis para compartilhar suas ideias e pensamentos livremente, sem medo de julgamento ou crítica. Esse ambiente deve ser construído a partir de práticas de sala de aula como o respeito mútuo, a valorização da diversidade e a promoção da confiança e da empatia entre os alunos.
Ao adotar essas práticas de sala de aula, os professores de matemática podem ajudar a cultivar uma geração de alunos que não apenas entendem os conceitos matemáticos, mas também desenvolvem habilidades valiosas de pensamento crítico e colaboração, que serão essenciais para o sucesso em suas carreiras futuras.
Medidas para a Promoção do Pensamento Crítico
A promoção do pensamento crítico e independente em matemática pode ser implementada por meio de várias medidas. Aqui estão algumas sugestões:
- Foco na resolução de problemas: Os problemas matemáticos são uma ótima maneira de incentivar os alunos a pensar criticamente e de forma independente. Os professores podem criar problemas que incentivem os alunos a pensar além das respostas corretas, pedindo-lhes para explicar seu processo de pensamento e justificar suas soluções.
- Incentivo ao debate em sala de aula: A sala de aula deve ser um espaço onde os alunos possam expressar suas opiniões e discutir ideias. Os professores podem incentivar o debate criando perguntas abertas que possam ter várias respostas corretas e encorajando os alunos a defender suas opiniões.
- Estímulo à busca por diferentes soluções: Os alunos podem aprender a pensar de forma independente ao buscar diferentes soluções para um mesmo problema. Os professores podem incentivar os alunos a encontrar maneiras alternativas de abordar um problema e a experimentar diferentes estratégias de resolução.
- Uso de jogos e atividades em grupo: Jogos e atividades em grupo podem ajudar a promover o pensamento crítico e independente. Os professores podem criar jogos que incentivem os alunos a trabalhar em equipe, a resolver problemas em conjunto e a explorar diferentes soluções.
- Desafios e projetos de pesquisa: Os alunos podem ser desafiados a resolver problemas complexos e realizar projetos de pesquisa em matemática. Esses projetos podem incentivar os alunos a pensar criticamente e de forma independente, permitindo-lhes explorar diferentes soluções e buscar respostas para questões matemáticas mais profundas.
Essas medidas podem ser adaptadas de acordo com as necessidades e características de cada turma e aluno, e devem ser aplicadas com consistência e regularidade para promover a consolidação do pensamento crítico e independente ao longo do tempo.
Seguem abaixo cinco sugestões de livros em língua portuguesa disponíveis na Amazon que abordam a temática do pensamento crítico e independente:
- “Pensamento Crítico: O poder da lógica e da argumentação“, de Walter Carnielli e Clóvis de Barros Filho.
- “Epaminondas: O gato explicador“, de Clóvis de Barros Filho.
- “Educar Para o Pensamento Crítico na Sala de Aula. Planificação, Estratégias e Avaliação“, por Helena Santos Silva, José Pinto Lopes e Caroline Dominguez.
- “Pensamento Crítico e Criativo. 100 Fichas Para Trabalhar na Sala de Aula“, por Helena Santos Silva e José Pinto Lopes.
- “Lógica e Desenvolvimento das Habilidades de Pensamento Crítico na Educação: Como Desenvolver o Raciocínio com a Arte de Pensar“, por Cezira Bianchi.
Esses livros oferecem diferentes abordagens e estratégias para desenvolver habilidades de pensamento crítico e independente em diversas áreas, incluindo a matemática. Espero que possam ser úteis para quem estiver interessado no tema!
CONCLUSÃO
O trabalho de Peter Liljedahl sobre salas de aula de pensamento oferece uma abordagem inovadora para o ensino de matemática e para o desenvolvimento de habilidades de pensamento crítico. Sua pesquisa demonstrou que, ao invés de seguir a abordagem tradicional de “eu faço, nós fazemos, você faz”, os alunos são mais propensos a desenvolver habilidades de pensamento crítico e independente quando são desafiados com tarefas difíceis e desconhecidas desde o início do ano letivo e incentivados a trabalhar juntos em grupos pequenos para resolver problemas e discutir ideias.
Você poderá gostar de ler esses artigos:
- Incentivando os alunos do ensino fundamental e médio a construir paciência na sala de aula | post
- Ao implementar jogos em sua sala de aula, não se esqueça do xadrez | post
- A Área de Matemática e Suas Tecnologias | post
- Linguagens e Suas Tecnologias no Ensino Médio, Competências Específicas e habilidades | página
- 5 dicas para melhorar o desempenho em matemática no ensino fundamental | post