Interesso por educação
Capacidade de inovação
A terceira coisa é que nós todos concordamos, apesar de tudo, com a capacidade extraordinária que as crianças têm. Sua capacidade de inovação. Sirena ontem a noite foi uma maravilha, não foi? Ver do que ela é capaz. Ela é excepcional, mas não acho, por assim dizer, que seja uma exceção entre todas as crianças. O que vemos ali é uma pessoa de extrema dedicação que achou seu talento. Minha convicção é que todas as crianças têm um talento tremendo. E o desperdiçamos, implacavelmente. Por isso eu quero falar sobre educação e quero falar sobre criatividade. Minha convicção é que a criatividade hoje é tão importante na educação como a alfabetização, e deve ser tratada com a mesma importância.(Aplausos) Obrigado. Era isso, a propósito. Muito obrigado. (Risos) Então… Quinze minutos sobrando. Eu nasci… Não. (Risos)
O Frank mandou isso
Quando meu filho tinha quatro anos na Inglaterra… Na verdade ela tinha quatro anos em qualquer lugar, pra ser sincero. (Risos) Para sermos exatos, onde quer que ele fosse, ele tinha quatro anos na ocasião. Ele estava numa peça de Natal. Se lembram da história? Sério, foi importante. Foi uma grande história. Mel Gibson fez a sequência. Talvez vocês tenham visto: “Natal 2”. Mas o James ganhou o papel de José, o que nos deixou empolgados. A gente considerava ser um dos protagonistas. Lotamos o teatro com representantes usando camisetas: “James Robinson É José!” (Risos) Ele não tinha nenhuma fala, mas vocês conhecem a parte onde chegam os Reis Magos. Eles carregam presentes, e trazem ouro, incenso e mirra. Isso aconteceu de verdade. Estávamos lá sentados e eu acho que eles não seguiram a ordem porque nós conversamos com o garotinho depois e perguntamos: “Tudo certo?” E ele disse: “Claro! Por quê? Estava errado?” Eles trocaram a ordem, só isso. Enfim, os três garotos entraram, crianças de quatro anos com toalhas na cabeça, e colocaram as caixas no chão. O primeiro garoto disse: “Eu trago ouro.” O segundo garoto disse: “Eu trago mirra.” E o terceiro garoto disse: “O Frank mandou isso.” (Risos)
Crianças não tem medo de errar
O que essas histórias tem em comum é que as crianças correm riscos. Se elas não sabem, elas chutam. Estou certo? Elas não tem medo de errar. Não estou dizendo que estar errado é o mesmo que ser criativo. O que sabemos é que se você não estiver preparado para errar, você nunca terá uma ideia original. Se não estiver preparado para errar. E quando chegam à fase adulta, a maioria das crianças perdeu essa capacidade. Elas têm pavor de estarem erradas. E as empresas são administradas assim, por sinal. Nós estigmatizamos os erros. E hoje administramos os sistemas educacionais de um jeito em que errar é a pior coisa que pode acontecer. O resultado disso é que estamos educando as pessoas para serem menos criativas. Picasso disse uma vez que todas as crianças nascem artistas. O problema é permanecer artista enquanto crescemos. Eu acredito apaixonadamente que não aumentamos nossa criatividade, a diminuímos. Ou melhor, somos educados a abandoná-la. Mas por quê?
Para que serve a educação pública?
Se você visitasse nossas escolas, como um ET, e se perguntasse: “Para que serve a educação pública? “Eu acho que a conclusão obrigatória seria, olhando para o resultado, que quem é bem sucedido, quem faz tudo o que deve, quem ganha as estrelinhas, quem são os vencedores, eu acho que a conclusão seria de que o objetivo da educação pública ao redor do mundo é produzir professores universitários. Não é? Eles que saem por cima. E eu costumava ser um, pra constar. Eu gosto de professores universitários, mas nós não devemos colocá-los no topo das realizações humanas. É só uma forma de vida, outra forma de vida. Mas eles são peculiares, e eu digo isso com todo carinho. Existe uma coisa curiosa com os professores, na minha experiência. Não todos, mas tipicamente, eles vivem em suas cabeças. Eles vivem lá em cima e levemente para um lado. Eles saíram do corpo, quase literalmente. Eles vêem o próprio corpo como uma forma de transporte para a cabeça. Não é assim? (Risos) É um jeito de levarem suas cabeças às conferências. Se você quiser evidências concretas de experiências extra-corpóreas, por sinal, é só participar de uma conferência de acadêmicos sênior, e aparecer na discoteca na noite final. (Risos) E lá você vai ver, homens e mulheres maduros, se contorcendo incontrolavelmente, fora do ritmo. Só esperando que o evento acabe e eles possam escrever um artigo a respeito.
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O mundo inteiro está numa revolução
O mundo inteiro está envolto numa revolução. A segunda é a aptidão acadêmica, que veio a dominar nossa visão de inteligência, porque as universidades planejaram o sistema à sua própria imagem. Se você for pensar, todo o sistema de educação pública ao redor do mundo é um extensão do processo de ingresso à universidade. A consequência disso é que muitas pessoas altamente talentosas brilhantes e criativas, pensam que não são, porque aquilo que elas eram boas na escola não era valorizado, ou era até estigmatizado. Eu acho que não podemos nos dar ao luxo de ir por esse caminho.
A estrutura educacional está mudando
Nos próximos 30 anos, de acordo com a UNESCO, mais gente ao redor do mundo irá se formar através da educação do que desde o princípio da história. Mais gente. E isso é a combinação de tudo que já falamos. A tecnologia e seu efeito modificador no trabalho, e a demografia e a enorme explosão populacional. De repente, diplomas não valem mais nada. Não é verdade? Quando eu estudava, quem tinha um diploma, tinha um emprego. Quem não tinha um emprego, era porque não queria. E eu não queria, francamente. (Risos) Mas agora garotos com diplomas estão voltando para casa para jogar vídeo game porque pedem mestrado para o trabalho que necessitava bacharelado, e doutorado para o trabalho que necessitava mestrado. É um processo de inflação acadêmica. E é um indicativo de que toda a estrutura educacional está mudando na frente do nosso nariz. Precisamos repensar radicalmente nossa visão de inteligência.
As mulheres são melhores em multitarefa. Será?
O cérebro é intencionalmente… Por sinal, existe um feixe de filamentos nervosos que conecta os dois lados do cérebro chamado corpo caloso. É mais espesso nas mulheres. Completando o que a Helen falou ontem, eu acho que esta é a razão pela qual as mulheres são melhores em multitarefa. Porque vocês são, não são? As pesquisas são abundantes, mas eu sei por experiência própria. Quando minha esposa está cozinhando, o que acontece pouco, ainda bem. (Risos) Mas enfim, ela está lá… Sério, ela é boa em algumas coisas. Mas quando ela está cozinhando, ela está falando no telefone, está falando com as crianças, está pintando o teto, está fazendo cirurgia cardíaca. Quando eu cozinho, a porta está fechada, as crianças saíram, o telefone está fora do gancho, se ela aparece eu me irrito. Eu digo: “Terry, por favor, estou tentando fritar um ovo aqui. Me deixa em paz.” (Risos) Conhecem aquele velho postulado filosófico? Se uma árvore cai na floresta e ninguém ouve, será que aconteceu? Lembram dessa piada velha? Vi uma camiseta excelente esses dias que dizia: “Se um homem fala o que pensa numa floresta, e nenhuma mulher escuta, ele continua errado?” (Risos)
A inteligência é distinta
O terceiro ponto sobre a inteligência é que é distinta. Estou escrevendo um livro atualmente chamado “Epifania”, que é baseado numa série de entrevistas que eu fiz sobre como as pessoas descobriram seus talentos. Sou fascinado por como elas chegaram onde estão. Fui motivado por uma conversa que tive com uma mulher maravilhosa que talvez muitas pessoas nunca tenham ouvido falar. Ela se chama Gillian Lynne, já ouviram falar dela? Alguns já. Ela é uma coreógrafa e todo mundo conhece seu trabalho. Ela trabalhou em “Cats”, e “O Fantasma da Ópera”. Ela é maravilhosa. Eu estava no conselho do Royal Ballet, na Inglaterra, como podem ver. Gillian e eu almoçamos um dia e eu perguntei: “Gillian, como você se tornou dançarina?” E ela respondeu que foi interessante, quando ela estava na escola, ela estava desanimada. E a escola, nos anos 30, escreveu para os pais dizendo: “Achamos que a Gillian tem dificuldade de aprendizado.” Ela não conseguia se concentrar, era inquieta. Eu acho que hoje diriam que ela tinha TDAH. Não acham? Mas eram os anos 30, e TDAH não tinha sido inventado ainda. Não era uma doença disponível. (Risos) As pessoas não sabiam que podiam ter aquilo.